
Prepare-se para sentir aquele calorzinho no coração — ou, no mínimo, refletir sobre a solidão moderna com um leve desconforto existencial. Willem Dafoe, o camaleão das telonas e dono de quatro indicações ao Oscar, volta a colaborar com a cineasta brasileira Bárbara Paz no novo longa “Cuddle”, uma ficção futurista que promete cutucar onde mais dói: na nossa carência de afeto em tempos digitais.
Uma parceria que já vem de outros carnavais (e dramas existenciais)
A história entre Dafoe e Bárbara Paz não começou ontem. Aliás, o ator já havia colaborado com a diretora no documentário “Babenco: Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou” (2019), que representou o Brasil no Oscar de 2021. O filme foi uma homenagem sensível a Hector Babenco — cineasta argentino-brasileiro e, por acaso, ex-marido de Paz.
Porém, a relação entre eles começou ainda antes, no longa “Meu Amigo Hindu” (2015), o último trabalho de Babenco. Nele, Dafoe interpretou um cineasta à beira da morte, inspirado no próprio diretor. E, claro, Paz também estava lá com um papel pequeno, mas fundamental.
Em “Cuddle”, Dafoe é um profissional do carinho
No novo drama dirigido por Paz, Dafoe vive Dante, um profissional de “abraços terapêuticos”. Pode parecer inusitado, mas essa prática já existe e, surpreendentemente, está em alta. O trabalho dele? Oferecer conforto platônico a pessoas emocionalmente esgotadas em um mundo onde o toque virou quase um artigo de luxo.
No entanto, nem tudo são colos e travesseiros perfumados. Por trás da fachada calma, Dante enfrenta seus próprios fantasmas: um vício em analgésicos, uma solidão persistente e uma rotina que só se suaviza graças à companhia silenciosa de seu cachorro. Até que, de repente, uma cliente inesperada vira sua rotina de cabeça para baixo. A partir daí, o longa mergulha em temas como intimidade, vulnerabilidade e a urgência do contato humano.
Palavras do próprio Dafoe:
“Mais do que um estudo sobre solidão e toque, esse filme é um retrato do espírito do nosso tempo”, comentou Dafoe, visivelmente empolgado por trabalhar novamente com Bárbara Paz.
Produção com pedigree de Oscar – o hype é real
Se você está achando que “Cuddle” é só mais um drama indie que vai se perder na avalanche de streamings, pense novamente. O filme tem selo de qualidade Oscar: será produzido pela brasileira Conspiração — a mesma de “Ainda Estou Aqui”, vencedor de Melhor Filme Internacional — e pela renomada Infinity Hill, que produziu o aclamado “Argentina, 1985”.
Além disso, essa é a primeira colaboração entre Conspiração e Infinity Hill, o que só aumenta as expectativas. Não bastasse isso, o projeto também marca a segunda coprodução da Infinity Hill com o Brasil, depois de “Puan”.
O que esperar de “Cuddle”?
Inspirado em uma tendência real — sim, a tal da terapia do abraço existe e está crescendo — o filme se propõe a ser um retrato profundo da solidão contemporânea. O cenário é um futuro próximo, mas a crítica social está mais atual do que nunca.
“Cuddle é uma exploração tocante do toque, da vulnerabilidade e da conexão em uma era emocionalmente desnutrida”, dizem os produtores. Poético? Com certeza. Necessário? Mais ainda.
E o Dafoe? A agenda dele está mais cheia que nunca!
Antes de “Cuddle” desembarcar nos cinemas (ou, quem sabe, nos festivais de prestígio do circuito europeu), Dafoe ainda tem uma lista considerável de projetos no horizonte:
- “Late Fame”, dirigido por Kent Jones
- “The Phoenician Scheme”, sua sexta parceria com Wes Anderson
- “The Man in My Basement”, de Nadia Latif
- “The Birthday Party”, comandado por Miguel Angel Jimenéz
- “Gonzo Girl”, estreia de Patricia Arquette na direção
- “Finally Dawn”, dirigido por Saverio Costanzo
Além disso, ele está atualmente filmando “Tenzing”, sob direção de Jennifer Peedom. E, recentemente, assinou para estrelar “The Souffleur”, uma comédia sombria comandada pelo argentino Gastón Solnicki.
Ah, e caso você ache pouco, ele ainda ocupa o cargo de diretor artístico de teatro da Bienal de Veneza. E a gente achando que dar conta do e-mail já era demais…
“Cuddle” promete ser mais do que um filme: é um tapa (afetivo) na cara da sociedade emocionalmente carente que a gente finge não fazer parte. Com Dafoe no protagonismo e Bárbara Paz na direção, o longa promete mexer com quem assiste — mesmo que você diga que só viu pelo “valor artístico”.